domingo, 31 de agosto de 2008

Terrorismomania (o) ou fobia?

Odeio essa mania de terrorismo. Mas como eu ia dizendo, odeio essa mania de terrorismo. As pessoas estão sempre exagerando as coisas para a pior, pintando quadros mais aterrorizantes, vivendo um clima de terror e medo o que transpassa para o ar.
Seu chefe chega e diz que hoje o dia será “pauleira”. Você pergunta o porquê e o mesmo apenas responde que vai ser muito “pauleira”. Nesse momento instaura a tensão no ar, já pode ser cortada com faca, ou serra elétrica, dependendo do grau de paranóia do restante dos presentes. Ninguém sabe o motivo, todo mundo só sabe que está “ferrado”, ninguém sabe que horas vai embora, quanto mais vai ter que trabalhar, se alguém será demitido, quem vai gritar com quem, quem vai mandar quem aonde e aquele clima de insegurança não deixa mais ninguém em paz. Mesmo que, no fim do dia, tudo acabe bem, todos saiam no horário e nada de pior aconteça, (mesmo porque ninguém mais se preocupou em perguntar o que de fato aconteceria), você teve um dia de cão com aquela monstruosa pulga atrás da orelha, esperando apenas o pior acontecer, o que é natural do ser humano esperar sempre pelo pior.
Obviamente, os ambientes de trabalho ficam muito propícios para essa prática de terrorismo psicológico, afinal, tem sempre alguém querendo puxar o tapete de alguém, fulano que adora brincar de dar ordens, cicrano que odeia obedecer, mas será que precisa exagerar tanto? Tamanha energia desperdiçada com o lado negro da força. Dava para fazer tanta coisa melhor com toda essa carga de tensão e adrenalina, pensa só, em quantas cachoeiras dava para ter decido de bote ou quantas montanhas não podiam ter sido escaladas, ou mesmo quantas vezes pularíamos de pára-quedas. Viveríamos com muito mais prazer e satisfação. É claro que o terrorismo social, não faz parte apenas das relações comerciais. Você pode encontrar sua diversidade de manifestações nas mais diversas formas, tanto de atividades como de relações humanas. Pais e filhos, por exemplo, este é um terrorismo de primeira. O filho que não respeita o pai, porém o teme profundamente. O pai que não consegue ter uma conversa aberta com o filho e somente o afugenta, acreditando estar, assim, evitando um mal maior. E tem também o terrorismo de mercado (este também como nós vivemos dia a dia sem que venhamos a perceber nós já caímos). Compre agora. Últimas unidades. Imperdível. Olha moça, essa é a última peça, eu não posso reservar para a senhora e não sei se vai estar aqui até mais tarde, tem saído muito, sabe? Você vai fazer compras e sempre tem aquele nervosismo no ar. Será que é o melhor preço, será que é a melhor marca? E o vendedor ajuda na manutenção do terror, vamos aumentar o preço amanhã, é melhor levar dois desse, só para garantir a peça. Você quer ir ao teatro, mas todo mundo também quer ir, afinal, são os Últimos Dias. Você tem que chegar primeiro, tem que ser mais rápido, tem que garantir seu ingresso. O que será de você se deixar de ver justamente essa apresentação imperdível desse grupo espetacular? Todo mundo já viu, ou pelo menos falou que viu e estão dizendo que logo sai de cartaz, é melhor correr. Tudo é terrorismo. Até no momento do lazer. Ah! Assim não dá.
E o terrorismo que sofremos na faculdade. Ih! É melhor eu pular este assunto e deixar o sentimento preso. “Faz-me rir”, não posso abrir a boca e apagar meus pensamentos. Sem contar aqueles terrores cotidianos. Tem só um copo de arroz na despensa é melhor sair agora e comprar mais, vai que amanha o PCC fecha todo o comércio de novo e a gente fica literalmente na mão? Ou a variação para fumantes, tenho apenas oito cigarros, hoje é quinta feira o final de semana já está aí, é melhor comprar uns quatro maços só para garantir e ficar seguro com o vício. Depois de tudo isso hoje em dia, o terrorismo não é mais estratégia de guerra ou ação de grupos ideologicamente organizados, é um estado de espírito. Ou você vive sob a tensão do terror, ou simplesmente você não faz parte de um ciclo de convivência e hábitos minimamente respeitáveis aos olhos dos cidadãos (de bem) do terceiro milênio.
E o que será isto que estamos vivendo, só posso concluir que, é a fobia do cotidiano em que vivemos dia após dia em função do ontem, do hoje e do amanhã... Talvez a psicologia não descreva como aversão e medo mórbido irracional, desproporcional persistente e repugnante ao terrorismo, o que seria então TERRORISMONIA OU FOBIA? Com veemência eu o intitulo como MUNDOFOBIA.